sábado, 30 de junho de 2007

O Rapto de Perséfone

O Rapto de Perséfone[1]

Perséfone antes de ser a rainha dos subterrâneos era a moça mais bela da terra. Era tão linda que não queria saber de mais nada, somente de sua própria beleza. Certo dia, passeando por entre os trigais dos campos de sua mãe - Ceres deusa da terra e das plantações - foi vista por Hades, deus dos subterrâneos, das riquezas (dos metais) e da mansão dos mortos. Hades ao ver a menina sentiu um vento conhecido. Este vento era Eros, o deus do amor e das paixões que o envolvia completamente. Ele sabia perfeitamente que contra Eros nem mesmo os deuses podiam lutar. O deus dos mortos fora totalmente arrebatado de amores pela filha de Ceres, Perséfone, que mesmo sendo filha da deusa , portanto, imortal, sentiu um arrepio de morte. Era Tânatos, o deus da morte, que passeava junto a ela. Ele quem caminhava quase sempre ao lado de Hades. O poderoso deus dos subterrâneos, tomado de paixão não teve dúvidas: raptou a bela mocinha levando-a consigo na sua carruagem para dentro da terra, aproveitando-se do grande poder que tinha por ser um dos três maiores deuses gregos. A pobre Perséfone, infeliz, nada fez para livrar-se do deus.

Ceres, mãe de Perséfone, ficou desesperada com o rapto de sua filha. Não se conformava com o uso e o abuso do poder exercido por Hades ao levar a menina consigo, porque era ele um dos principais deuses gregos. Sendo ela também uma poderosa deusa usou e abusou do poder que tinha tanto quanto ou mais que ele. Ela, enquanto deusa poderosa, fez com que as plantas não germinassem mais. Fez surgir na terra um árido e terrível deserto. A humanidade, quem mais sofria com esta decisão, nada fez. Sentia cada vez mais perto a presença de Tânatos, soprando um ar pesaroso que arrepiava a pele. Os seres humanos, que a exemplo de Perséfone, pensavam cada um somente em si, iam morrendo de fome, um a um, sem nada fazer, esperando apenas uma decisão dos poderosos para resolver esse impasse.

Tanto Perséfone quanto a humanidade já tinham se conformado com a situação. A menina, em alguns momentos, parecia até gostar de ser a esposa do deus dos mortos, enquanto que alguns seres humanos pareciam gostar de ver morrer seus inimigos, mesmo sabendo que iriam morrer em seguida. Ainda assim, a linda menina sofria muito, longe dos campos e de sua mãe, enquanto a humanidade ia desaparecendo. Por sorte destes conformados é que o impasse resultou em uma disputa e rixa particular entre os dois deuses poderosos, mãe e esposo de Perséfone, que chamou a atenção do mais poderoso dos deuses gregos: Zeus. Zeus resolveu mediar a disputa, pois a humanidade, com quem tanto gostava de brincar, estava sumindo; então, para que isso não acontecesse resolveu agradar aos dois outros deuses: Perséfone iria passar meio ano com Hades, seu esposo, nos subterrâneos, seria a rainha dos mortos e meio ano passaria com a mãe na terra.

Resolvida a questão, Ceres, para mostrar como era poderosa, fez com que as plantas germinassem, na primavera, e dessem frutos, no verão, apenas uma parte do ano, na outra metade, aquele em que sua filha estivesse com o esposo, as plantas secariam, no outono, e dormiriam, no inverno.

Apesar desta decisão política dos poderosos, mediada por Zeus, não ter sido favorável a quem mais sofria com os mandos e desmandos de Hades e Ceres, Perséfone e os seres humanos, tanto a menina quanto a humanidade acataram-na, pois não acreditavam no seu próprio poder e sua própria força, para lutarem contra os poderosos. Eram politicamente analfabetos. Da mesma maneira que conformados esperaram pela decisão dos poderosos por aquilo que os estava fazendo sofrer, agora aceitaram passivamente pela decisão tomada.










[1] Este texto foi adaptado e a ilustração extraída do livro de Edith Hamilton, Mitologias, 1ª ed brasileira. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora, 1992.

2 comentários:

Unknown disse...

Que história linda, embora triste, resignada, porém, atual. Por onde tenho passado percebo que os conflitos são frutos das relações onde as escolhas e decisões (grandes ou pequenas)são pautadas no tripé orgulho, vaidade e egoísmo, infelizmente...
beijão,
Malu - ainda com login e senha do filhao.

paulo sampaio disse...

Foda ! loko demais...

Por favor... o dono do forum entre em contato cmg ... por favor


paulosampaio3d@hotmail.com

Valew

Paulo Sampaio - 3D Designer