domingo, 12 de agosto de 2007

Perséfone e a Filosofia


Para que Filosofia hoje?

Muitos alunos em minhas aulas, na universidade, me perguntam: afinal de contas por que preciso estudar filosofia, o que ela me dará? Este questionamento, que é quase sempre sincero, me remete a uma outra questão que ja foi feita e respondida por um grande escritor, Italo Calvino: Por que ler os clássicos? Talvez, a adaptação que fiz para o rapto de Perséfone tenha uma resposta, estamos nos tornando seres pragmáticos, e, esperando alguém que nos guie naquilo que demanda reflexão. No entanto, um texto de Pedro Demo, um importante filósofo do nossos dias, certamente ajudará a entender o porquê devemos estudar filosofia, a meu ver.

Falamos hoje de sociedade "intensiva" de conhecimento, primeiro para não incidir na idéia comum e imprópria da "sociedade do conhecimento" (as sociedades humanas desde sempre foram de conhecimento...) organizamos-nos fundamentalmente por parâmetros do conhecimento (saúde, alimentação, moradia, locomoção, transporte, educação, urbanização, trabalho). Um dos horizontes mais típicos é a demanda infinita por aprendizagem nesse tipo de sociedade (...) correspondendo à expectativa já lançada por Marx da mais valia relativa, comandada por ciência e tecnologia (Pedro Demo, Charme da exlusão social. Campinas: Autores Associados, 1998)): o sistema capitalista tende a explorar menos os braços, do que a inteligência do trabalhador. Esta marca, por sua vez, o lado ambíguo do conhecimento: o conhecimento que esclarece, ilumina e questiona (a filosofia, o senso crítico, a reflexão [interferência minha]) é o mesmo que imbeciliza, censura, coloniza.
Pedro Demo. Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. 2 ed. Petrópolis, 2004, p. 10)

Quando uma Universidade quer formar seus estudantes apenas para a competitividade gobalizada, então, ela estará preparando seus alunos para serem os explorados intelectualmente, e negando a formação da consciência crítica. Assim sendo, é esperar que os deuses resolvam.

sábado, 30 de junho de 2007

Rapto de perséfone - imagem de Bernini


O Rapto de Perséfone

O Rapto de Perséfone[1]

Perséfone antes de ser a rainha dos subterrâneos era a moça mais bela da terra. Era tão linda que não queria saber de mais nada, somente de sua própria beleza. Certo dia, passeando por entre os trigais dos campos de sua mãe - Ceres deusa da terra e das plantações - foi vista por Hades, deus dos subterrâneos, das riquezas (dos metais) e da mansão dos mortos. Hades ao ver a menina sentiu um vento conhecido. Este vento era Eros, o deus do amor e das paixões que o envolvia completamente. Ele sabia perfeitamente que contra Eros nem mesmo os deuses podiam lutar. O deus dos mortos fora totalmente arrebatado de amores pela filha de Ceres, Perséfone, que mesmo sendo filha da deusa , portanto, imortal, sentiu um arrepio de morte. Era Tânatos, o deus da morte, que passeava junto a ela. Ele quem caminhava quase sempre ao lado de Hades. O poderoso deus dos subterrâneos, tomado de paixão não teve dúvidas: raptou a bela mocinha levando-a consigo na sua carruagem para dentro da terra, aproveitando-se do grande poder que tinha por ser um dos três maiores deuses gregos. A pobre Perséfone, infeliz, nada fez para livrar-se do deus.

Ceres, mãe de Perséfone, ficou desesperada com o rapto de sua filha. Não se conformava com o uso e o abuso do poder exercido por Hades ao levar a menina consigo, porque era ele um dos principais deuses gregos. Sendo ela também uma poderosa deusa usou e abusou do poder que tinha tanto quanto ou mais que ele. Ela, enquanto deusa poderosa, fez com que as plantas não germinassem mais. Fez surgir na terra um árido e terrível deserto. A humanidade, quem mais sofria com esta decisão, nada fez. Sentia cada vez mais perto a presença de Tânatos, soprando um ar pesaroso que arrepiava a pele. Os seres humanos, que a exemplo de Perséfone, pensavam cada um somente em si, iam morrendo de fome, um a um, sem nada fazer, esperando apenas uma decisão dos poderosos para resolver esse impasse.

Tanto Perséfone quanto a humanidade já tinham se conformado com a situação. A menina, em alguns momentos, parecia até gostar de ser a esposa do deus dos mortos, enquanto que alguns seres humanos pareciam gostar de ver morrer seus inimigos, mesmo sabendo que iriam morrer em seguida. Ainda assim, a linda menina sofria muito, longe dos campos e de sua mãe, enquanto a humanidade ia desaparecendo. Por sorte destes conformados é que o impasse resultou em uma disputa e rixa particular entre os dois deuses poderosos, mãe e esposo de Perséfone, que chamou a atenção do mais poderoso dos deuses gregos: Zeus. Zeus resolveu mediar a disputa, pois a humanidade, com quem tanto gostava de brincar, estava sumindo; então, para que isso não acontecesse resolveu agradar aos dois outros deuses: Perséfone iria passar meio ano com Hades, seu esposo, nos subterrâneos, seria a rainha dos mortos e meio ano passaria com a mãe na terra.

Resolvida a questão, Ceres, para mostrar como era poderosa, fez com que as plantas germinassem, na primavera, e dessem frutos, no verão, apenas uma parte do ano, na outra metade, aquele em que sua filha estivesse com o esposo, as plantas secariam, no outono, e dormiriam, no inverno.

Apesar desta decisão política dos poderosos, mediada por Zeus, não ter sido favorável a quem mais sofria com os mandos e desmandos de Hades e Ceres, Perséfone e os seres humanos, tanto a menina quanto a humanidade acataram-na, pois não acreditavam no seu próprio poder e sua própria força, para lutarem contra os poderosos. Eram politicamente analfabetos. Da mesma maneira que conformados esperaram pela decisão dos poderosos por aquilo que os estava fazendo sofrer, agora aceitaram passivamente pela decisão tomada.










[1] Este texto foi adaptado e a ilustração extraída do livro de Edith Hamilton, Mitologias, 1ª ed brasileira. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora, 1992.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Cristo Redentor na Caverna

Não percam o próximo tema, O rapto de Perséfone.

Cristo Redentor

Sobre cavernas.

O jornalista carioca Sérgio Augusto escreveu domingo, 10 de Junho no caderno Aliás, jornal Estado de São Paulo sobre a eleição das sete novas maravilhas modernas uma critica interessante, destaco um trecho: "Fílon escolheu as primeiras sete maravilhas depois de viajar por todo o Ocidente civilizado, no século III a. C. O mínimo que se pode dizer de sua escolha - decorem, crianças: as grande piramide de Queops, os Jardins Suspensos da Babilônia, a estátua de Zeus em Olímpia, o templo de Diana em Éfeso, o mausoléo do rei Mausolo em Halicarnasso, o Colosso de Rodes, o farol da ilha de Faros - é que foi abalizada. A que o canadense (Weber) está formatando (a US$ 2 por voto) tem a mesma idoeidade daqueles concursos de rainha do rádio dos anos cinquenta, quando fãs de Marlene e Emilinha desdobravam-se em mutirões para comprar o maior número de células (impressas na Revista do Rádio) e assegurar o cetro para a sua favorita. A maioria do eleitorado dará preferência ao representante de sua cidade ou de seu país, um tanto por bairrismo, um tanto por ignorância, e outro tanto por mau gosto, mesmo". Sérgio Augusto citará o cineasta João Moreira Salles e Nelson Rodrigues " essa eleição è uma terapia ocupacional para lorpas e pascácios. O jornalista diz ainda que se fosse obrigado a escolher uma maravilha do Rio de Janeiro escolheria o sanduiche de bife de filé acebolado e que para ele o CristoRedentor deveria ganhar õ prêmio como o lugar turístico mais perigoso do mundo.



Meu comentário, sem comentários

terça-feira, 5 de junho de 2007

O Sol

Quem dera um dia conseguíssemos sair das cavernas em que nos fechamos muitas vezes e pudéssemos contemplar e sentir o sol, seja este sol o conhecimento, o amor, a vida real, o Sol mesmo. Na verdade, de preferência, tudo isso junto.